31 julho 2008

Discutindo a ralação

Com a recente liberação da internet wi-fi grátis no calçadão de Copacabana, já surgiu um novo profissional da “economia informal”. Ele se aproxima todo pimpão com um pano macio e um líquido para tirar a umidade e proteger o note book contra a maresia.
Cobra R$2 e deixa a sua máquina tinindo de limpinha, um brinco.
Sinal dos tempos. É o ciber-flanelinha.

Um vendedor ambulante da Av. Copacabana oferece um exclusivo cartão de fidelidade aos seus melhores clientes. Toda vez que o freguês comprar um CD ou DVD, o cartão é perfurado.
A cada quatro compras, ganha de brinde um filme em lançamento.
É uma espécie de cartão de milhagem de camelô.


Fotos - Jôka P.

26 julho 2008

Cirque du Soleil

Uma loja de depilação na Avenida Copacabana tem um pôster que exibe vários desenhos pra clientela escolher um formato de depilação pubiana.
Alguns dos modelos incríveis:
“Fruto do Pecado” (depilação em formato de maçã).
“Energia Zen” (arrojado raio em zig-zag).
"I Love you" (coraçãozinho fofo de pentelhos).
“Halloween” (aranhona caranguejeira, uma graça).
“Siga esse caminho” (seta peluda apontada pra baixo).
“Celebridade” (pelos púbicos descolorados, em forma de estrela).

Atualmente a depilação vaginal mais pedida homenageia um querido palhaço carioca, o eterno amiguinho da garotada.


Hoje tem marmelada ?

Photobucket

25 julho 2008

Cindy, a top-cat


Pra quem ainda não conhece, Cindy é a minha gata e filha adotiva. Como muitas gatas louras e bonitas, ela é atriz, modelo e manequim, além de participar com sucesso de comerciais, eventos, desfiles e posar para fotos em diversas revistas nacionais, internacionais, catálogos e editoriais de moda.
Aqui acima fiz uma produção com a Cindy para a capa da VOGUE Cats.
O genial artista multimídia Claudio Martins realizou "Crazy Cat", um video de animação original e surpreendente.

O maior sonho da Cindy é ser apresentadora e ter o seu próprio programa de televisão.

Photobucket

24 julho 2008

Índios, bandidos e mocinhos

Não seria nenhum exagero dizer que aqui na Avenida Copacabana tem de tudo.
A gente vai até o jornaleiro da esquina e encontra essa dupla hilária de índios em trajes típicos, que mais parecem personagens saídos de um filme da Sessão da Tarde.

Os simpáticos selvícolas estão de tenda armada (sem trocadilhos, please) tirando um som tão exótico quanto é o visual deles. Algumas pessoas até param pra ver - embora nós, cariocas, já estejamos super acostumados a assistir cenas bem mais inesperadas que essa.

Faz muito tempo que a gente já aprendeu a conviver com toda sorte de bandidos, mocinhos, índios e xerifes. A maioria desses personagens pode até ser de araque, mas o Rio de Janeiro é bem real.
Definitivamente, aqui não é uma cidade cenográfica.

Índio quer apito e se não der...

Fotos - Jôka P.

23 julho 2008

20 julho 2008

Na terra do coração

“Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.
Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.
Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria.

A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.
Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.



Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.”


[ trechos aleatórios de "Na terra do coração"
- de Caio Fernando Abreu ]


Fotos - Jôka P.

Hoje fez uma tarde linda, quente e ensolarada.
Nem parece inverno, mas é sempre assim aqui no Rio.
Tia Cris e eu fomos até a Praça do Lido, onde existe uma espécie de calçada da fama, um lugar muito tranqüilo e luminoso, com o chão cheio de nomes dentro de estrelas.
Esse jardim pouco conhecido e quase secreto é uma homenagem a alguns moradores de Copacabana, por serem especialmente talentosos e queridos.
Aqui estamos
, silenciosos e aparentemente sérios. Mas internamente nós estamos sorrindo, diante da nossa estrela mais alegre, irreverente, corajosa e ilustre.



Estrelas mudam de lugar.

19 julho 2008

Dercy de cabo a rabo

Photobucket

“Na minha mocidade, eu tinha diversos apelidos : pimenta malagueta, Theda Bara, Pola Negri, puta. Tudo isso eu fui.
Depois me chamaram de outras coisas : irreverente, desbocada, debochada, malcriada, boca-suja, vasto mundo.
Até de vasto mundo me chamaram.
Tudo isso eu também fui.”
Dercy Gonçalves

Pela certidão de nascimento, a moradora de Copacabana Dercy Gonçalves completou 100 anos em 2007.
Pela própria Dercy, em 2007 ela fez foi 102 anos, pois seu pai a teria registrado com dois anos de atraso. Coisas de Dercy.
Dercy sempre costumava dizer: "Só vou morrer quando eu quiser". E ela quis hoje, no dia 19 de julho de 2008.
Estrela irreverente, desbocada, malcriada, boca-suja, vasto mundo.
Estrela da vida inteira.



Photobucket

18 julho 2008

Rickshaw carioca

Olha só essa coisa muderna que estava estacionada aqui na esquina da Avenida Copacabana !
Eu nunca tinha visto nada parecido, você já ?
É um taxi triciclo, um novo transporte alternativo que não usa combustível. O design óbviamente é uma versão futurista dos rickshaws, aqueles transportes chineses puxados por mulas humanas.
Quem inventou esse treco deve ter se inspirado no meu filme favorito, o bacanérrimo Blade Runner, de Ridley Scott.

A engenhoca foi um projeto que começou a rolar em Berlin e, não tenho certeza, mas parece que já existe em São Paulo - achei essas informações no site Eco Taxi.
Pensando bem, também lembra muito aquela space ship futurista anos 60 do desenho animado Os Jetsons, né !
Tá na cara que isso não vai prestar, não tem como dar certo no Rio. É todo aberto, muito vulnerável - na verdade vai ser um prato cheio pra pivetes e assaltantes em geral.

16 julho 2008

Sereia Carioca


Se você tem um corpinho de sereia, cintura fina, barriga pra dentro, bundinha empinada, sem um pingo de celulite, então está podendo. Esse biquini estampado de Calçadão é maneiríssimo e custa só a merreca de 32 Reais.
Gostou ? Essa é mais uma oferta irresistível que você só encontra aqui, na Av. Copacabana.


Fotos - Jôka P.


Olha só o furdúncio que rolou na democrática Av. Atlântica, orla de Copacabana !
Era um comício do PT pra lançar um candidato a prefeitura do Rio - eu estava passando e não podia deixar de fotografar, né !...
Não lembro o nome do candidato deles, mas estava carregando uma criança fofa no colo. O discurso não conseguiu chamar a mínima atenção, não havia nem uma dúzia de gatos pingados.
Deviam ser os parentes deles. Ou figurantes contratados.


Sabe como nós cariocas somos blasé com “famosos”, né !
Cansamos de ver diariamente milhares de artistas, cantores, políticos, socialites, big-brothers, jogadores.
Pode ser quem for - o Romário, o Pelé, a Sandy Júnior, a Madonna, o Papa, a virgem Maria, a Sabrina Boing-Boing ou até a Luciana Gimenes.
Passamos direto e reto fazendo carão de paisagem, na maior, fingimos que nem conhecemos.
Imagina com o Carlos Minc e a Benedita da Silva.
Hã ?! Babau !

Não gosto de futebol e nem de nenhum jogador.
Não curto pagode (alguém gosta?) e pagodeiros.
Portanto como detesto política, consequentemente meu santo não cruza com nenhum político. NE-NHUM, sacou ?
Se alguém se meteu com política pode ter certeza de que boa coisa não vai sair dali. Aquilo não vai prestar. É batata !
Não voto em ex-pastor evangélico, nem em ex-favelada, nem em ex-operário, nem em ex-sequestrador, nem em ex-nada. Nem em ninguém.
Aliás, esse ano pra variar vou votar em branco.
Mas sem trocadilhos, tá !


Fotos - Jôka P.

Photobucket

14 julho 2008

Tudo sobre a Eva

Não tenho idéia de quem era essa blogueira que morreu recentemente. Mas quando vi o anúncio no obituário do jornal O Globo, fiquei super curioso.
Nota de falecimento: fulana de tal, blogueira.
Assim, como se "blogueira" fosse a profissão dela.
Então esse foi o melhor adjetivo que encontraram pra descrever a falecida ? Blogueira ?! Sério ? Acorda Alice !
Fui no Google e... caramba, ela era uma Bette Davis blogueira ! Deixava comentários malvados em todos os blogs possíveis e imaginários.
Isso me lembra o caso da blogueira que fingiu que morreu há uns tempos atrás. Não vou nem dizer o nome da rosa.
O "viúvo" fez um post se dizendo chocado, deprimido...
A notícia da morte saiu até na coluna do Gravatá, do jornal O Globo.
Foi uma comoção geral, um bafafá.
Pois bem, da noite pro dia a blogueira morta-viva voltou, vivinha, na maior cara de pau. Não tinha morrido coisa nenhuma. Voltou e fez um blog novo... babau !
Depois disso o encanto que eu sentia pela “blogsfera” foi pro beleléu.
Nada mais me comove. Pode fingir que morreu, pode dar ataque de pelanca, nhé-nhé-nhé, nada disso me convence.
Tudo palhaçada, tudo fake.


PS: O perfume Armani pour homme 100 ml custa 78 dollars no Free Shop e 480 Reais aqui em Copacabana. Faz só as contas.

13 julho 2008

I love Copa


O celular começou a vibrar no bolso da minha bermuda enquanto eu caminhava pelo calçadão da Av. Atlântica. Era a
Vânia :
- Já viu o Jornal do Brasil de hoje, Jôka ?
- Não, você sabe que eu assino O Globo. Porquê ?
- Estão falando sobre você no jornal, com fotos e tudo !
- Mas... falando sobre mim o quê ? Falando sobre a minha luta contra a balança ? Ou sobre eu ser o único louro encalhado de Copacabana ?
- Dããããñ! Pirou ? É sobre você e o seu blog, Pedrobó ! Corre e compra logo o JB, andaaaa !
Fui.



Achei bacana gostarem do Av. Copacabana no JB, fiquei super contente, mas também um pouco surpreso. Como é que foram me achar nesse mundaréu, nesse ciber-saco sem fundo de blogs ?
Olha, é o seguinte: não sou escritor, nem jornalista, detesto poesia, odeio psicanálise, não pretendo me promover, me candidatar a nada e nem lançar nenhum livro.
E principalmente não estou aqui pra agradar ninguém.
Não “linko-quem-me-linka”.
Não faço michê de links, nem swing e muito menos suruba de visitinhas fofas em busca de comentários.
Esse blog não é um diarinho auto-referencial (se bem que as vezes eu até gostaria). Isso aqui é só um ponto de vista despretensioso sobre o meu bairro, um olhar apaixonado sobre as pessoas que moram aqui e outras cositas más, que nem sempre têm a ver com Copacabana.
As minhas preocupações nunca foram sociais, políticas, literárias, filosóficas, ecológicas ou existenciais.
Aliás as minhas preocupações são e sempre serão: agradar a mim mesmo e tentar ser feliz. Só isso. E já é muito.
E daí ? E o Quico ? Babau!


Meu objetivo atual é conseguir continuar usando o mesmo tamanho de jeans.
E comprar um vidro novo de perfume Armani pour homme ( de 100ml ) no DutyFree Shop.
Se conseguir isso, por enquanto já fico até bem feliz.
Ah, eu queria aproveitar pra mandar um beijo pro meu pai, pra minha mãe e pra você.

Ilariê.

10 julho 2008

Meu amigo veadinho

Ainda há pouco eu estava passando pela Avenida Copacabana e vi uma loura toda descabelada berrando furibunda no celular : “Tá pensando que eu sou o que, heim ? Uma cachorra ? Seu animal ! Tu é um veado ! Um veadinho, entendeu ! Veadinho !”

A gente tem essa mania de associar qualquer pessoa que nos desagrada a um bicho.
Seu veado ! Sua piranha ! Seu burro ! Seu cachorro ! Seu macaco ! Sua anta ! Sua víbora ! Seu porco ! Sua vaca !

Não existem expressões mais equivocadas do aquelas que xingam alguém de “animal”.
Os animais são do bem, e mesmo quando agridem, agem por instinto, nunca por perversidade. Animais não são perversos, manipuladores, sádicos, covardes ou cruéis. As pessoas sim.
Cachorro é cachorro. Porco é porco. Macaco é macaco. Vaca é vaca. Piranha é piranha.

Veado é veado.